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Marca de celular Blu volta ao Brasil e quer ser 3ª via entre Samsung e Motorola

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A marca criada por empresários brasileiros que emigraram para os Estados Unidos e que agora começam a distribuir, oficialmente, o produto fabricado na Zona Franca de Manaus por meio da varejista de eletrônicos Allied.

A proposta dos aparelhos é ser a “terceira via” dos smartphones no país, como uma alternativa mais barata aos modelos da Samsung e da Motorola, que juntas concentram mais de 80% das vendas de celulares em total de unidades no Brasil.

Os celulares da Blu, porém, não são desconhecidos do público brasileiro: começaram a circular pelo país desde 2014, por meio da importação independente de alguns distribuidores de eletrônicos. Na última investida, em 2018, no entanto, a Blu precisou interromper a venda de alguns modelos no Brasil, da linha Vivo XI+, pela associação com a operadora Vivo, controlada pelo grupo Telefónica no país.

“A Telefónica solicitou que o produto não fosse vendido no Brasil, o que atendemos prontamente, tendo em vista o ótimo relacionamento que temos com a empresa”, diz Samuel Ohev-Zion, presidente da Blu.

O pai do empresário, Daniel Ohev-Zion, emigrou para Miami nos anos 1980, quando começou o negócio de distribuição de eletroeletrônicos para o Brasil. Em 2010, ele e o filho criaram a Blu Products, marca de celulares mais baratos, fabricada na China e distribuída para 40 países, especialmente para a América Latina.

Em 2021, a Blu faturou US$ 250 milhões (R$ 1,3 bilhão) e, neste ano, deve atingir US$ 420 milhões (R$ 2,2 bilhões), segundo Samuel Ohev-Zion, por conta da expansão das vendas no mercado americano. “Investimos quase US$ 2 milhões (R$ 10,5 milhões) para homologar os aparelhos nos Estados Unidos, onde 90% da venda de celulares é concentrada nas operadoras -diferentemente do Brasil, onde a venda está concentrada nas varejistas”, afirma Zion.

Entre as operadoras com quem a Blu mantém negócios, estão AT&T, T-Mobile, Tracfone, Tigo e Telefónica.

Mas em todos os países em que a empresa opera os celulares são fabricados na China e no Vietnã. Aqui no Brasil, no entanto, a empresa começou a produção na Zona Franca de Manaus, terceirizada para a Luxpay.

“Parte dos componentes são importados e parte são fabricados aqui. Os aparelhos são montados na Zona Franca”, diz Zion, que afirma ter investido “alguns milhões de reais” em todo o processo, sem revelar o valor.

Os produtos têm garantia de um ano e vão contar com assistência técnica no país. O consumidor cadastra o aparelho no site da empresa e, caso haja algum defeito, entra em contato com a Blu para despachá-lo para avaliação, via Correios, sem custos. “Teremos um serviço 0800, com atendimento humanizado”, diz Zion. Serão oferecidos três aparelhos neste primeiro momento: B3 (R$ 999), B6 (R$ 1.399) e B9 (R$ 1.699).

“Nosso diferencial será a oferta dos acessórios, que acompanham o aparelho: além do carregador, uma capa rígida para proteger o aparelho e fones de ouvido sem fio, bluetooth”, afirma. Em um momento em que grandes marcas, como a Apple, decidiram parar de oferecer o carregador junto com o aparelho, Zion aposta que a oferta dos acessórios será um diferencial importante para os produtos.

“Não investimos em grandes campanhas de marketing”, diz. “Acreditamos na propaganda boca a boca, dos próprios consumidores, que vão ver nos aparelhos versões que competem em pé de igualdade com as marcas líderes.”Mercado de smartphones desacelera no Brasil O empresário não se incomoda com a desaceleração no mercado brasileiro de smartphones, que vem registrando queda nas vendas nos últimos três anos. A previsão para este ano é de 41,3 milhões de aparelhos, uma redução de 16% em relação a 2019, de acordo com os números da consultoria IDC Brasil.

“O Brasil é um grande mercado, de mais de 40 milhões de aparelhos ao ano”, diz Zion. Se conquistarmos uma fatia entre 4% e 5%, até 2025, será um grande feito.”

De acordo com o presidente da Blu, não existe um competidor de peso para Samsung e Motorola na faixa dos R$ 1.000 aos R$ 1.700. “Nós seremos a terceira via”, diz.

Dados da consultoria GfK apontam que, entre janeiro e agosto de 2022, o mercado brasileiro de smartphones somou 21,8 milhões de unidades, com R$ 35,7 bilhões em vendas no varejo.

Desse total, as três maiores marcas em unidades são Samsung (53,5%), Motorola (28,5%) e Apple (7,7%). Em valor, Samsung fica com 47,7% do mercado, Apple com 23,1% e Motorola com 22,8%. No ano passado, a quarta maior marca era a LG que, no entanto, deixou de fabricar celulares no país. Agora o quarto lugar está com a Redmi, da chinesa Xiaomi (2,9% de participação em volume e 2,5% em valor).

“O mercado brasileiro começou a desacelerar em 2020 por conta da falta de componentes eletrônicos, provocada pela pandemia”, diz Andréia Chora, analista de consumo da IDC Brasil. “Este ano, era prevista uma retomada, especialmente por conta do lançamento da tecnologia 5G, mas o consumo foi agravado pelo baixo poder aquisitivo do brasileiro”, diz ela. Neste sentido, a troca do celular é considerada algo supérfluo, que pode esperar diante de outros gastos mais urgentes, afirma.

Consumidor prefere pagar mais caro para ficar com celular por mais tempo Desde 2019, houve uma mudança de faixa de preço mais vendida no mercado brasileiro, segundo dados do IDC. Naquele ano, a faixa de preço mais vendida era a de R$ 700 a R$ 999, com 42% do total. Hoje, esta faixa é a segunda mais vendida, com participação de 16%. Os brasileiros compram mais os aparelhos que custam entre R$ 1.500 e R$ 1.799, faixa que responde por 25% das vendas. Os valores computados pelo IDC são nominais.

“Os usuários estão cada vez mais buscando produtos de melhor qualidade, com mais especificações, melhor memória, melhor tela, melhor câmera”, diz Reinaldo Sakis, gerente de pesquisas do IDC. “Ele entende que precisa pagar mais caro por um aparelho assim. Mesmo porque não é mais o seu primeiro aparelho -mas o terceiro, quarto, quinto smartphone, e ele quer que o smartphone evolua em relação ao modelo anterior.”

Sakis afirma que o brasileiro aprecia, sim, receber os acessórios na caixa com o aparelho.

“Mas como temos aparelhos de cada vez melhor qualidade, os acessórios também evoluíram. O que o fabricante pode ceder como carregador e fone de ouvido já não são, em muitos casos, os itens de melhor qualidade.”

A Apple, com o iPhone, causou celeuma no mercado brasileiro neste ano ao anunciar que não iria mais fornecer os carregadores com os aparelhos a partir do modelo 12. Segundo Sakis, trata-se de uma decisão estratégica.

“Às vezes, a propaganda pode dizer que o aparelho terá 70% da sua bateria carregada em 15 minutos. Mas não com um carregador básico. Teria que ser com um acessório mais sofisticado. Para essa experiência, o fabricante pede que o usuário compre o próprio carregador”, afirma Sakis.

“É uma decisão para aumentar a sua margem de lucro, claro, mas também para melhorar a experiência do cliente.”

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