Participei de perto das eleições
municipais deste ano na Grande Vitória. No primeiro turno, em Guarapari, vi uma
cidade rachada, com eleitores indecisos e, pior, descrentes de que a cidade
mais conhecida do Espírito Santo internacionalmente pudesse avançar em
qualidade de vida, geração de emprego e renda.
A desesperança, o descrédito e o medo
de que a cidade andasse ainda mais para trás fizeram com que o veterano Edson Magalhães se
reelegesse. O mesmo Edson que sabe falar a língua do povo, mas que não consegue
terminar o hospital de Guarapari, cujas obras se arrastam há quase 13 anos. O
mesmo Edson que não investe em Educação, que sucateou a orla e que esqueceu o
interior da cidade.
Mas foi uma vitória de perdedor.
Edson Magalhães teve menos votos do que o número de eleitores que não foram
votar. Isso mesmo. O prefeito de Guarapari perdeu para a abstenção. Um recado
claro da população de que não vale a pena ir às urnas para eleger político
profissional. O problema é que quando o eleitor não escolhe, alguém escolhe por
ele.
Foi justamente o que aconteceu
também no segundo turno em Cariacica. Vi de perto uma professora preparada, uma
mulher militante das causas sociais, firme em sua postura e clara em suas
propostas ser derrotada por um projeto que já nasce velho.
Euclério Sampaio, deputado há
vários mandatos mas sem pegada administrativa, venceu a petista Célia Tavares numa disputa apertada, que mostrou não a
competência ou a popularidade de Euclério, mas o desprezo da população pelo
Partido dos Trabalhadores (PT).
Eu vi famílias pobres, com muitos
filhos, xingando o ex-presidente Lula, defenestrando a ex-presidenta Dilma, mas
com o cartão do Bolsa Família nas mãos. Incongruências.
Nos debates e nas sabatinas
ficaram claros o despreparo, a falta de postura crítica e de propostas de Euclério
Sampaio. Evasivo, sem conteúdo e longe de ser o administrador que Cariacica
precisa, Sampaio disse que vai asfaltar todas as ruas da cidade em quatro anos.
Me lembrei do metrô de superfície
de Coser, quando era prefeito de Vitória. Promessa eleitoreira que custou caro
oito anos depois.