Como o crescimento na venda de caminhões contrasta com queda em novos implemento
Dados das entidades representativas das duas áreas apontam uma alta de 4,83% nas vendas de caminhões em 2025, contrastando com uma queda de 4% no segmento de implementos — uma situação atípica que tem chamado a atenção de especialistas
Segundo dados do Comitê de Datação de Ciclos Econômicos da FGV (2023), o cenário econômico brasileiro apresenta sinais de recuperação, mas com desafios expressivos ao setor de transportes. Um dos principais entraves é a alta da taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano (Banco Central, maio de 2025), o que encarece o crédito e dificulta o planejamento de médio e longo prazo das empresas. Ainda assim, o país registra leve crescimento, impulsionado principalmente pelo setor de serviços e, sobretudo, pelo agronegócio, que alcançou uma safra recorde de 318 milhões de toneladas em 2024, segundo a Conab.
Estudo da Associação Brasileira de Logística (Abralog, 2024) aponta que a demanda por serviços logísticos segue em expansão, impulsionada pelo avanço do comércio eletrônico. No entanto, o setor enfrenta margens de lucro cada vez mais estreitas. Segundo análise da NTC&Logística, os custos operacionais subiram 12% em 2024, enquanto os fretes cresceram apenas 6% no mesmo período, pressionando a rentabilidade das transportadoras.
Diante desse cenário, muitas empresas têm adotado estratégias alternativas. De acordo com a Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores), houve aumento de 18% na venda de caminhões novos no primeiro trimestre de 2025, enquanto o mercado de implementos usados cresceu 27%, conforme levantamento da Associação Nacional dos Fabricantes de Implementos Rodoviários (Anfir). A ausência de uma tabela oficial de referência para implementos usados, como a Tabela Fipe, e a baixa regulação de preços contribuíram para a valorização desses ativos no mercado secundário.
Segundo o CEO da Implementados, empresa que representa comercialmente as principais marcas de implementos rodoviários novos, o ano tem sido especialmente desafiador. “2025 tem se mostrado um ano complexo. A alta da Selic inviabilizou o financiamento de caminhões e implementos novos. Além disso, tensões comerciais, especialmente as taxações impostas pelos Estados Unidos sobre o aço, encareceram ainda mais a produção de baús e carrocerias. Isso beneficiou empresas menores com estoques de usados ou que atuam com reforma de implementos”, explica.
O executivo destaca que, em alguns casos, o aumento dos preços foi tão expressivo que a compra de implementos novos se tornou mais vantajosa do que a de usados, mesmo com juros elevados. “Percebendo essa movimentação do mercado, lançamos a plataforma Radar dos Usados, que centraliza ofertas de caminhões e implementos seminovos. Com nossa experiência em vendas e tecnologia, queremos ajudar o consumidor a encontrar as melhores oportunidades e negociar com segurança e economia”, afirma.