Pesquisa realizada pela Pearson com a Opinion Box envolvendo 7.000 pessoas em cinco países da América Latina – Brasil, Argentina, Chile, México e Colômbia – mostra que fatores socioculturais podem afetar de forma importante o aprendizado de inglês ao longo da vida.
Os mexicanos lideram no nível de proficiência do idioma entre os países pesquisados, enquanto os brasileiros aparecem na última posição. Para Marjorie Robles, diretora de Desenvolvimento de Conteúdo da Pearson, a localização geográfica desempenha um papel fundamental nesse cenário. “A proximidade com os Estados Unidos faz com que a demanda pelo inglês no México seja mais expressiva, gerando maior incentivo por parte do governo e das escolas para oferecer o idioma com qualidade”, explica.
No Brasil, os desafios são amplos e abrangem diversas disciplinas, incluindo o inglês. Apenas 20% da população brasileira tem alguma familiaridade com a língua, enquanto no México o percentual chega a 50%. “Precisamos formar jovens fluentes nas quatro habilidades do idioma: escrita, leitura, fala e escuta, para tornarmos o Brasil mais competitivo nesse cenário global”, completa Marjorie.
A pesquisa também revelou que, no Brasil, o principal motivo para aprender inglês é realizar viagens internacionais, enquanto o uso profissional ocupa um papel secundário. Segundo a diretora, isso reflete o baixo nível médio de proficiência no país e a pouca frequência de cursos formais. “Para muitos, a aspiração inicial é obter o básico para atividades rotineiras durante viagens, enquanto outros buscam o aprendizado por razões pessoais, sem relação direta com o trabalho”, aponta.
Apesar disso, ela reforça a importância do aprendizado contínuo para o desenvolvimento cognitivo e cultural. “A fluência em idiomas é essencial, independentemente da aplicação profissional, pois amplia a capacidade de aprendizado e curiosidade”.
No entanto, a executiva lembra que quando alguém se torna apto a aprender coisas novas, se torna mais curioso. Estudos mostram que conhecer outras línguas ajuda na habilidade cognitiva. “Por essa razão, a fluência de idiomas é fundamental para qualquer pessoa, independentemente se vai ou não aplicá-la em suas carreiras”, pontua Marjorie.
Autoconfiança entre países da América Latina
A pesquisa Opinion Box também destacou a autoconfiança no uso da língua inglesa entre os países. No Brasil, 40% dos entrevistados afirmaram sentir-se confortáveis em situações básicas, como pedir informações em viagens. No entanto, a confiança diminui em cenários profissionais: 67% dizem não se sentir preparados para liderar reuniões em inglês, 63% hesitariam em apresentar projetos e 61% evitariam conduzir entrevistas de emprego.
Entre as maiores economias da região, os mexicanos se destacam novamente, com 48% da população se declarando falantes intermediários ou avançados, seguidos pelos argentinos (42%). Por outro lado, chilenos (35%) e colombianos (36%) compartilham níveis semelhantes, enquanto os brasileiros permanecem com o menor índice (30%).
Metodologia
A pesquisa foi desenvolvida pela Opinion Box, com o apoio da Pearson, empresa global de soluções de aprendizagem ao longo da vida. Foram entrevistadas 7 mil pessoas, sendo 2 mil delas no Brasil, 52% homens e 48% mulheres; no México, 1.500, 51% homens e 49% mulheres; na Argentina foram entrevistadas 1.500 pessoas, 49% homens e 51% mulheres; no Chile, um total de 1.000 pessoas, metade das quais são 50% homens e mulheres; a mesma quantia que na Colômbia. A idade dos entrevistados variou de 18 a 49 anos.
Em todos os países, a maioria dos entrevistados vive nas capitais: Brasil (42%); México (60%); Argentina (55%); Chile (42%); e Colômbia (69%). Alguns vivem em áreas rurais, 33% dos brasileiros; 11% dos mexicanos; 10% argentinos; 22% chilenos; e 10% colombianos. E o restante está em regiões metropolitanas, como os brasileiros (25%); Mexicanos (29%); Argentinos (35%); Chilenos (36%); Colombianos (21%).
Os entrevistados se declararam brancos, pardos, afrodescendentes, asiáticos/amarelos, indígenas e outros. No Brasil, a maioria dos entrevistados são brancos (46%), pardos (40%), afrodescendentes (10%), asiáticos (3%) e indígenas (1%). E a maioria possui ensino superior completo (27%) e está empregada no setor privado 39%, na classe B (49%).