Relatório informa sobre surgimento de novos opioides
Segundo os dados apresentados no Relatório Mundial sobre Drogas 2024, pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o surgimento de novos opioides sintéticos, aliado a uma oferta e demanda sem precedentes por outras drogas, agravou o problema mundial das drogas.
Segundo os dados apresentados no Relatório Mundial sobre Drogas 2024, pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), o surgimento de novos opioides sintéticos, aliado a uma oferta e demanda sem precedentes por outras drogas, agravou o problema mundial das drogas, resultando em um aumento nos transtornos associados ao uso e em danos ambientais. Segundo os dados apresentados, esses fatores têm intensificado a crise global de saúde pública e segurança.
Segundo a publicação, a diferença entre homens e mulheres no uso de drogas sintéticas tem diminuído significativamente em várias regiões do mundo. Embora o consumo de drogas em geral continue a ser predominantemente masculino, o relatório indica que, para algumas substâncias, como opioides e tranquilizantes, a proporção entre homens e mulheres está quase igual. De acordo com o levantamento, um terço dos usuários de drogas como cannabis, cocaína e heroína são mulheres, mas essa participação é ainda maior quando se trata do uso não médico de medicamentos controlados.
Conforme informado na publicação, o estudo foi baseado em entrevistas realizadas com 92 informantes em sete países, incluindo autoridades de saúde, policiais e representantes de ONGs que lidam diretamente com o fenômeno das drogas. O objetivo foi analisar as diferenças de gênero e idade no uso e na distribuição de drogas sintéticas, além de observar as tendências regionais. No Chile, por exemplo, especialistas indicaram que a prevalência de uso de drogas sintéticas, como metanfetamina e MDMA, está aumentando entre as mulheres, superando a dos homens em algumas faixas etárias.
As diferenças de gênero também são evidentes nas motivações para o início e a continuidade do uso de drogas. De acordo com o relatório, fatores neurobiológicos, como adaptações hormonais ao estresse, e experiências de abuso físico ou sexual, são mais comuns entre mulheres e podem influenciar significativamente suas trajetórias no uso de drogas. Além disso, questões sociais e de gênero, como o papel da família e o impacto do uso de substâncias por membros do círculo social, parecem ter uma influência distinta entre os gêneros.
Sobre o assunto, Miler Nunes Soares, médico psiquiatra e responsável pela Clínica Para Dependentes Químicos Granjimmy afirmou que com a crescente igualdade de gênero no consumo de substâncias, é provável que a indústria do tráfico e produção de drogas se adapte para atender a essa nova demanda. Isso pode resultar em um aumento na oferta de drogas voltadas ao público feminino, como tranquilizantes e opioides. “É essencial que as autoridades invistam em educação, conscientização e repressão ao tráfico, enquanto expandem as pesquisas sobre os impactos específicos das drogas sintéticas nas mulheres, para que possam mitigar esse avanço de forma eficiente e preventiva”.
Ainda sobre a publicação, é possível verificar dados globais sobre o uso de drogas. O estudo aponta que, globalmente, mais de 292 milhões de pessoas usaram drogas em 2022, representando um aumento de 20% em relação à década anterior. A cannabis permanece como a droga mais consumida no mundo, com 228 milhões de usuários, seguida pelos opioides (60 milhões), anfetaminas (30 milhões), cocaína (23 milhões) e ecstasy (20 milhões). O relatório também aponta o surgimento dos nitazenos, um grupo de opioides sintéticos ainda mais potentes que o fentanil, que têm causado um aumento nas mortes por overdose em países de alta renda
Na publicação feita no site da UNODC, observa-se um comentário sobre o assunto feito pela a diretora-executiva do UNODC, Ghada Wally, que afirmou: “A produção, o tráfico e o uso de drogas continuam a agravar a instabilidade e a desigualdade, ao mesmo tempo que causam danos incalculáveis à saúde, à segurança e ao bem-estar das pessoas. Precisamos fornecer tratamento baseado em evidências e apoio a todas as pessoas afetadas pelo uso de drogas, além de intensificar as respostas às redes do tráfico de drogas ilícitas e investir muito mais em prevenção.”
Perguntado sobre o assunto, Miler Nunes afirmou que é crucial reconhecer que a luta contra a dependência química é contínua e multifacetada. As clínicas de recuperação devem estar preparadas para adaptar suas abordagens e estratégias à medida que o cenário das drogas evolui e é desta forma que a Clínica de Recuperação em Sinop, tem atuado sobre a questão. “O Relatório Mundial sobre Drogas fornece dados para uma reflexão sobre o real combate ao vício de drogas e para entender se as práticas adotadas atualmente são verdadeiramente eficientes”.