Após sofrer uma queda de até 75% em 2020, o setor do turismo em todo mundo mostra sinais de completa recuperação agora em 2024. Pelo menos é isso o que afirma um estudo da McKinsey & Company publicado em maio deste ano, que analisa dados do mercado turístico e hoteleiro, e as tendências para os próximos anos.
De acordo com o documento, cerca de 60% dos viajantes estão mais interessados em viajar agora do que estavam antes da pandemia de covid-19. Em fevereiro de 2024, em um escopo de mais de quatro mil entrevistados, 33% planejavam investir em suas viagens.
Novas formas de fazer turismo
Diante do atual cenário do setor de hospitalidade, o relatório da McKinsey & Company define algumas das principais tendências. Para começar, por mais que as viagens internacionais ainda sejam o sonho de muita gente, a maioria dos destinos ainda são domésticos.
Hoje, as viagens dentro do país representam uma grande fatia do setor, com cerca de 75% do mercado global. Estima-se que o turismo doméstico cresça cerca de 3% ao ano, alcançando um patamar de 19 bilhões de noites em hospedagem por ano até 2030. E, mesmo aqueles que viajam para outros países, têm escolhidos destinos próximos. Por exemplo, na Europa, Espanha, Itália e França lideram o ranking de visitantes oriundos do mesmo continente.
A segunda tendência é que os turistas não buscam mais “apenas” a experiência. Eles querem ser únicos. Ou seja, ao organizar uma viagem, o consumidor quer saber que tudo foi montado de forma personalizada, com base em seus gostos individuais, e não que ele está cumprindo um roteiro generalizado.
Isso reflete diretamente em outra importante informação: a evolução do turismo de luxo. A pesquisa afirma que este é um nicho que deve seguir crescendo mais do que qualquer outro dentro do segmento. “Os turistas de luxo buscam experiências exclusivas e personalizadas, independentemente da distância de suas residências”, ressalta Osmar Rodrigues, CEO da Travel Class, empresa em que 95% dos clientes procuram por viagens internacionais.
Conforme a McKinsey, a Ásia é atualmente o destino mais procurado no quesito viagem de luxo. “De um modo geral, a busca por destinos asiáticos teve um crescimento de 35% nos últimos três anos”, explica Rodrigues. Para ele, cidades impressionantes, locais que oferecem visões futuristas e regiões nas quais patrimônios históricos contrastam com a modernidade são os requisitos mais solicitados.
Assim, segundo o CEO, destinos como Dubai, Singapura, Pequim e Tóquio estão em alta entre os viajantes. O relatório acrescenta à lista, ainda, Bangkok, a capital da Tailândia, como destino em ascensão na Ásia.
Outro dado relevante nesse contexto é o de que, em fevereiro deste ano, o mercado internacional de viagens atingiu 2,04 milhões de passageiros, o que se tornou o melhor resultado internacional para o mês, de acordo com informações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac). Na comparação ano a ano, o crescimento do setor foi de 28,7% e essa foi a primeira vez em que o mês de fevereiro registrou uma movimentação de passageiros internacionais superior a 2 milhões.
Um novo perfil de viajante
A pesquisa revela, ainda, que novos perfis de viajantes estão surgindo. Conforme o relatório, os turistas atuais podem ser classificados da seguinte forma:
23% são turistas em busca de sol e praia: viajantes que se preocupam mais em conhecer praias e locais de fácil acesso, perfeitos para relaxar e viajar com a família. E eles estão dispostos a pagar mais por isso.
18% buscam cultura e autenticidade: são aqueles que não querem apenas conhecer pontos turísticos ou destinos tradicionais, eles buscam experiências, independente do custo delas.
14% são consumidores estratégicos: viajantes que selecionam cuidadosamente o tipo de experiência turística – e fazem questão de mostrá-las em redes sociais. No entanto, estão sempre de olho no orçamento.
14% buscam tendências: este grupo têm um alto poder aquisitivo e consultam primeiro amigos e familiares (79%) e, depois, as redes sociais (62%) na hora de definir o próximo destino. Para eles, a popularidade do local é um fator importante.
11% são viajantes conscientes: este segmento é dominado por pessoas que viajam pouco e dificilmente repetem destinos ou atividades. Eles geralmente se preocupam mais com a familiaridade e o custo da viagem.
12% são viajantes premium: celebridades e influenciadores digitais são as primeiras fontes de pesquisa deste nicho consumidor e, em geral, o custo não é um fator importante.
8% buscam aventuras: como o nome sugere, este segmento busca aventuras, atividades ao ar livre e buscam conhecer novas pessoas com o mesmo estilo de pensamento em suas viagens. Eles priorizam viagens em grupos pequenos, locais remotos e a sustentabilidade.
Por fim, o documento aponta que o aumento do turismo em alguns locais pode fazer com que alguns destinos fiquem lotados. No entanto, o empresário defende que é possível que locais e visitantes convivam em harmonia.