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Eleições: como ficam os investimentos?

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O Brasil passou pelo segundo turno das eleições presidenciais, com a vitória de Lula (PT) sobre Jair Bolsonaro com 50.83% dos votos válidos. A troca de comando traz algumas dúvidas na cabeça do investidor. Como se comportariam os investimentos, ações e dólar diante de um novo governo?

De acordo com o diretor de Conteúdo Técnico do  Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (Ibef-ES), Thiago Goulart, no radar dos investimentos há alternativas interessantes a partir do novo governo e com a manutenção da taxa Selic em 13,75%. ‘Com a manutenção da taxa Selic, a renda fixa ainda está atrativa aos investidores. Por exemplo: investindo R$ 10 mil, em um prazo de 3 anos (com variações), o montante final pode chegar a R$ 12.767,19, caso a aplicação fique na poupança. Contudo pode chegar a R$ 14.328,54, se aplicado em um CDB (110% do CDI). Normalmente a alta na taxa de juros impacta diretamente o custo de capital das empresas brasileiras, ou seja, quanto maior os juros, mais caro fica para a empresa captar recursos no mercado. No entanto, o Banco Central do Brasil, ao contrário da maioria dos bancos centrais do mundo, se antecipou e o ciclo de alta dos juros está no fim”.

Segundo Douglas Niero, membro do Comitê Qualificado de Conteúdo sobre Finanças e Investimentos do Ibef-ES, um ponto importante a se observar é o posicionamento do atual governo e como será o processo de transição. 

“Além disso, o mercado busca por sinais relacionados à nova equipe econômica. O anúncio do ministro da Fazenda é muito aguardado e um nome que agrade o mercado pode resultar em reações positivas na bolsa e no câmbio. Em um primeiro momento, devemos ver um nível mais elevado de volatilidade nos mercados, ou seja, mais ruído e certa percepção de risco enquanto é apresentada uma visão mais clara do que será feito”, avalia. 

Historicamente, ocorre um momento de volatilidade mais acentuada inicialmente, mas que vai se normalizando ao longo de algumas semanas. “No início, poderemos ver ruído principalmente nas ações das estatais, enquanto outros setores da economia podem se beneficiar. Entretanto, com mais clareza e descompressão de risco político, espera-se uma redução gradual da volatilidade”.

Douglas ressalta ainda que quanto falamos de volatilidade, estamos nos referindo principalmente à bolsa e variações na cotação do dólar. Isso ocorre muito em função também do fluxo de capital estrangeiro. “Como o investidor estrangeiro tem uma participação relevante em nosso mercado, a entrada ou saída de capital no Brasil pode causar variações mais intensas no câmbio e também na cotação das ações. O investidor estrangeiro está de olho também na responsabilidade com os gastos públicos e política fiscal”, lembra o membro do Comitê Qualificado de Conteúdo sobre Finanças e Investimentos do Ibef-ES .

Pensando na gestão de risco, é preciso ter cautela nas movimentações e explorar a diversificação pode ser importante. Para o investidor conservador, que quer ficar distante do risco, ainda existem títulos de renda fixa com taxas muito interessantes no mercado. Já os mais agressivos podem acompanhar o mercado de renda variável em busca de alocações em boas empresas. 

“Acima de tudo, é recomendável que o investidor mantenha-se atualizado e em contato com um especialista de mercado de sua confiança, certificando-se também que o perfil de risco dos investimentos está compatível com seu perfil de investidor”.

Para Goulart, os fundos imobiliários seguem como uma opção interessante para investidores que buscam renda e valorização do seu patrimônio. “Hoje, existem fundos de tijolos que estão negociando em patamares atrativos, ou seja, investidores que possuem perspectiva de longo prazo podem vir a se beneficiar de um eventual upside no médio prazo”.

Goulart finaliza: “Por fim, é bom destacar que o desafio de manter o risco fiscal sob controle será grande, além de definir as prioridades. Criar uma agenda objetiva para restabelecer a âncora fiscal do país no ritmo adequado, sinalizando a credibilidade necessária para o mercado durante esse processo é condição sine qua non para atrair investimentos e impulsionar o crescimento econômico”.

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